domingo, 14 de outubro de 2007

Marilson bate 4 recordes de uma vez!

Fantástico! Marilson dos Santos, correndo o Campeonato Mundial de Corrida de Rua, agora de manhã em Udine (Itália), bateu 4 recordes sul-americanos de corrida de rua de uma vez só:
  • meia maratona: 59m33s, (o anterior era de Antonio Silio, com 1h00m45s desde o Mundial de Uster, 1998).
  • 10 Km: 27m48s (a anterior era de Antonio Silio, com 27m52s em Copenhague, 1990).
  • 15 Km: 42m15s (a anterior era de 42m42s, mantida ao mesmo tempo pelos brasileiros Valdenor Pereira dos Santos em 1993 e Ronaldo da Costa em 1994, ambos em Tampa).
  • 20 Km: 56m32s (a anterior era de Antonio SIlio com 57m28s desde 1998 em Uster).
Na foto, os sete melhores no Mundial de Corrida de Rua - o brasileiro Marilson é o de amarelo

Com esses tempos, Marilson conseguiu a 7ª colocação, sendo o primeiro não-africano na prova. É o melhor resultado brasileiro nesse campeonato. Esses tempos se juntam agora aos seus recordes sul-americanos de pista, nos 5000m e 10000m.

Agora está provado para todo o mundo que sua vitória na maratona de Nova York, ano passado, não foi uma zebra: ele volta forte para defender o título e torna-se forte candidato a medalha na maratona olímpica de Pequim, em 2008.

Parabéns da ACORUJA a Marilson dos Santos, o corredor de fundo nº 1 do Brasil em 2008!

Fontes: Confederação Sul-Americana de Atletismo e IAAF.


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quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Lições de Chicago

Como completar uma maratona incompleta?

Muito foi falado do fiasco da Maratona de Chicago: no último domingo, essa competição foi disputada num calor tão intenso, que a prova foi interrompida após algumas horas, deslocando-se a chegada para a linha da meia-maratona. Corredores de Chicago contaram que não havia mais o que beber, tamanho o consumo pelos primeiros atletas a passarem nos postos d'água. Mas o encerramento antecipado da prova (desagradando milhares que pagaram inscrições) não foi suficiente para impedir sérios problemas: milhares de atletas passaram mal, centenas foram hospitalizados, e um morreu.

Corrida mata?

Depois de Chicago, uma velha discussão parece que irá retornar: será a corrida uma atividade prejudicial à saúde?

Nem tanto! A corrida e a caminhada, segundo a última pesquisa do IBGE, é o esporte de mais da metade dos que praticam alguma atividade física em nosso país. A mesma realidade deve existir pelo mundo afora. E os amigos devem ter percebido que para cada morte de corredor, há uma enorme quantidade de mortes de jogadores de futebol, muitos em pleno campo. E os futebolistas que aparecem morrendo na mídia são os profissionais, com treinamento controlado cuidadosamente. Acidentes acontecem, mas entre os corredores eles são muito mais raros do que parecem à primeira vista.

Lições a aprender

Que lições a tragédia de domingo em Chicago pode nos ensinar?

A primeira é correr até a linha de chegada! A vitória masculina foi decidida pelos 5 centésimos de segundo que Patrick Ivuti chegou antes de Jaouad Gharib, após quilômetros inteiros de disputa ombro a ombro.

A prova feminina teve a vitória de Berhane Adere, que, num sprint, ultrapassou Adriana Pirtea - que já comemorava a vitória com a torcida, sem reparar na aproximação da rival. O sprint foi desconcertante: além de Adere estar muito rápida, ela tomou o outro lado da larga avenida, só sendo vista pela descontraída Pirtea tarde demais. Até mesmo os encarregados de esticar a faixa de chegada se confundiram, sem saber para que lado iriam!

Um vídeo amador (filmagem da tela da TV) mostra essa curiosa cena: http://br.youtube.com/watch?v=B3u2huIEFkI

A segunda lição é a de que não se podem realizar competições esportivas em condições climáticas de risco. A Maratona do Rio e a de Honolulu, regiões quentes, tomam esse cuidado há anos: são disputadas cedo da manhã, no inverno - a de Honolulu tem a largada na madrugada! Outras provas parecem arriscar ao trocarem a segurança pelo melhor horário de aparecer na TV. É o caso da São Silvestre e da Meia Maratona Internacional do Rio, disputadas em épocas quentes e horários de Sol forte. Até 2007, embora muitos tenham ido parar em hospitais, nenhum acidente mais grave ocorreu Mas o risco continua. (isso não significa que ninguém morra: as mortes registradas na Meia Maratona Internacional do Rio foram por queda da mureta da Niemeyer, em 1996).

De qualquer forma, felizmente não me lembro de uma corrida no calor carioca ter sofrido por falta de água. Embora ainda não tenhamos chegado ao ponto de ser comum termos postos de bebidas repositoras...

Quanto a nós, corredores, Chicago nos ensina o bom-senso. O verão carioca chega forte, e com ele algumas competições muito boas. Temos que aprender a levar em conta as condições em que estamos correndo e saber não exigir do nosso corpo o que ele não tem condições de fazer. E, acima de tudo, muita hidratação! Torcendo para que nossos organizadores de competições continuem oferecendo água em grande quantidade...

Que saudade dos postos de esponjas molhadas da Maratona do Rio dos anos 80...

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Vitorias e derrotas em um esporte nada individual

Recorde e vitória!

No último domingo, 30 de setembro, o etíope Haile Gebrselassie realizou o sonho que persegue há anos: bateu o recorde mundial da maratona, com 2:04:26. Ele já tinha feito os melhores tempos das temporadas de 2005 e 2006, mas o recorde sempre lhe escapara por pequenos erros na manutenção do difícil ritmo de 2:57/Km.

Esporte coletivo ou individual?

Dessa vez, para garantir a façanha, a organização da Maratona de Berlim cuidou de tudo: contratou para ele nada menos do que 5 "coelhos" (na foto, 4 deles), que serviram até os 30Km como marcadores de ritmo e como cortadores de vento. E não eram quaisquer corredores! Enre eles estava, por exemplo, o queniano Rodgers Rop, vencedor da Maratona de Hamburgo desse ano, em 2:07:32! Ontem ele correu, como seus companheiros "coelhos", com a palavra "ritmo" na camiseta.Os recordes estão tão próximos do limite humano que somente com auxílios dessa qualidade é que um recorde pode ser batido. Em um futuro próximo, talvez vejamos a corrida de fundo se transformar em um esporte de equipe, como o ciclismo de estrada. Equipes de coelhos se espremendo no asfalto, levando o corredor principal em um ritmo assustador para os atletas comuns.

Derrota - ou será que não?

Haile agora junta seu recorde aos dois ouros olímpicos dos 10.000m. É um grande vencedor, e já tem o seu lugar na história. Infelizmente, poucos se lembrarão de Abel Kirui. Ele correu domingo nessa mesma maratona, sem "coelho" algum, e fez o segundo melhor tempo do ano, 2:06:51, também o melhor resultado de sua carreira. Conseguem imaginar correr mais de 42Km em 2:06:51 e não ganhar a prova? Ele teria ganho todas as maratonas de 2007 com esse tempo! Mas domingo isso lhe valeu muito pouco. Corre o risco de ser esquecido quando contarem a história da Maratona de Berlim - que já foi palco de 5 recordes mundiais nos últimos 10 anos.

Na Maratona de Berlim também tem pai coruja!

Parabéns Haile, parabéns Abel! E, para que não se esqueça a história, parabéns Falk Cierpinski, o primeiro alemão a cruzar a linha de chegada, em 2:19:06, o melhor tempo de sua carreira. Ele é filho de Waldemar Cierpinski, duas vezes campeão olímpico da maratona (incluindo o recorde olímpico conseguido em 1976, 2: 09.55). Atualmente, esse pai coruja é membro do comitê olímpico alemão, e só compete por lazer. Mas, como nós, pais corujas, ele mostrou o caminho ao filho!